Ao longo dos últimos 20 anos, a chegada de capitais, empresas e, consequentemente, projetos internacionais em nosso país aumentou de maneira considerável. Neste período, profissionais das mais diversas nacionalidades, posições e áreas de atuação desembarcaram na Terra Brasilis, desempenhando um papel importante na transformação das corporações, não habituadas até então com demandas deste tipo. Com o passar dos anos, a via se tornou de mão dupla, chegando a vez de brasileiros serem transferidos para projetos no exterior, cada vez mais inseridos nesses percursos de fronteiras ampliadas. Um cenário de novas direções e políticas, complexificação de logísticas e, sobretudo, um desafio imenso para os profissionais de Recursos Humanos.
Esse grande movimento transformativo de troca no cenário nacional, representando mudanças mais curtas e temporárias ou mais longas e permanentes, introduziu ao Brasil definitivamente o conceito de “expatriação”. E esse termo não se refere apenas à circulação humana ou a ampliação da capacidade de comunicação: a mobilidade internacional dá conta também do movimento de empresas e dos negócios em si. E com eles, a transferência, o fluxo e a circulação também de culturas, comportamentos, mentalidades, e outros valores materiais e imateriais que se movem juntos ou à reboque da transferência de recursos humanos.
Por dentro da palavra Expatriação
Será nesse contexto que os termos “Expatriação” e “Expatriados” se tornará lugar-comum. Ainda que a etimologia da palavra (composta de 'ex' e 'pátria'), possa sugerir o contrário, a expatriação não tem relação direta com nenhum processo de mudança de cidadania, ou seja, o expatriado não ‘perde sua pátria’, não modifica seu país de origem, a sua nacionalidade. Ao contrário, ele se move para outro país, mantendo vínculos de várias naturezas com sua nação de origem, o que gera uma série de demandas fiscais, jurídicas, econômicas e operacionais que devem ser administradas.
O termo “expatriado” nasce no ambiente corporativo, nos RHs das empresas, para designar funcionários e funcionárias enviados para trabalhar no exterior em uma função ou projeto de curto, médio ou longo prazo. Podem ser, por exemplo, funcionários que irão estruturar um novo escritório da empresa, abrir uma nova filial, administrar os negócios e/ou processos locais, ou que irão gerenciar, treinar e engajar funcionários locais na cultura e objetivos da empresa, integrando-os inclusive às novas equipes mistas com funcionários expatriados. Essas expatriações podem ter prazos variados, a depender do papel e missão do expatriado e objetivos da empresa, mas é comum que expatriados continuem no comando da organização no local para, por exemplo, garantir o sucesso das etapas de implementação e a continuidade de projetos ou políticas definidas, e proteger os interesses da direção e dos acionistas.
Os expatriados geralmente recebem benefícios adicionais por essa transferência de país e mudança de vida, como subsídios para moradia, educação, e outras necessidades relacionadas à transição e adaptação ao novo país. Nesses benefícios pode estar incluída, por exemplo, a educação remunerada para seus filhos ou outros subsídios referentes aos membros da sua família. Afinal, expatriado é o termo que não designa apenas o funcionário que está sendo transferido: cada membro da sua família passa a ser um expatriado também.
Diante de tamanha complexidade, empresas e expatriados precisam contar com profissionais e empresas que prestem serviços especializados, que sejam facilitadores e realizem o que for necessário para que a transferência do expatriado e sua família ocorra da forma mais tranquila e eficiente para todos. Essas empresas são capazes de acompanhar, orientar, desenvolver e realizar todas atividades e providências necessárias ao processo de expatriação. A escolha do lugar onde o expatriado vai morar, as capacitações e conhecimentos que ele tem que adquirir para que o processo de aculturação flua da melhor forma - tanto na dimensão profissional quanto pessoal e familiar. E, principalmente, as questões financeiras e fiscais as quais ele terá que lidar após a transferência, mesmo morando e trabalhando em outro país: o expatriado segue tendo responsabilidades em seu país de origem, especialmente quando ele fica fora por um período de tempo mais longo.
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